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Artigo: Carros Elétricos: o caminho para um mundo mais sustentável

  • Foto do escritor: Jefferson Brunner
    Jefferson Brunner
  • 10 de set.
  • 9 min de leitura

Os eventos climáticos extremos estão se tornando mais frequentes e exigem mudanças urgentes para garantir a saúde do planeta. Caso contrário, nas próximas décadas, mamíferos, aves, insetos, plantas e, até mesmo, a vida humana podem desaparecer.


Dados divulgados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirmam que 2024 foi o ano mais quente já registrado, com um aumento de 1,55°C (com margem de incerteza de ±0,13°C) em comparação aos níveis pré-industriais e com base em seis conjuntos de dados internacionais. Isso significa que estamos próximos do limite estipulado pelo Acordo de Paris, aprovado por 195 países, que estabeleceu o limite de 1,5°C para o aquecimento global.


O principal responsável por esse cenário é a queima indiscriminada de combustíveis fósseis, responsável por mais de 90% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). Nesse contexto, os veículos elétricos (VEs) figuram como um importante aliado no desenvolvimento de fontes de energia mais limpas.


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De acordo com Fabio Trindade, CEO de Electric Days, a chegada de veículos modernos ao Brasil, especialmente os eletrificados, é uma tendência que se conecta com a necessidade de reduzir a poluição em meio aos eventos climáticos extremos que estamos enfrentando.


“O resultado que estamos vivenciando no Brasil é a chegada de veículos modernos em construção, qualidade e design que trazem como grande diferencial os sistemas eletrificados, ou seja, híbridos ou puramente elétricos”, afirma Trindade. “Essa estratégia chega em um momento em que estamos vivendo eventos climáticos extremos e que, cada vez mais, colocam em nossas mãos a necessidade de contribuirmos de alguma forma para evitar uma degradação ainda maior do meio ambiente por conta da poluição”, disse Trindade.


Além disso, devido à ausência de combustão, os carros elétricos tendem a ser mais silenciosos, suaves e eficientes, proporcionando uma experiência de condução mais agradável ao motorista.


Os carros tradicionais possuem entre 90 e 1.000 peças, enquanto os modelos elétricos têm cerca de 200. Essa diferença tem impacto no custo de manutenção, já que, ao contrário dos veículos tradicionais, que exigem manutenção periódica, como troca de óleo, líquidos, correias e caixa de marcha.


Os carros elétricos oferecem uma economia significativa, mas isso não isenta o usuário de realizar trocas básicas, como pneus, pastilhas de freio e fluidos. Além disso, é importante lembrar que, embora a bateria tenha uma longa vida útil, ela pode precisar ser substituída com o tempo.


Vantagens e desvantagens dos veículos elétricos


Segundo um relatório do The International Council on Clean Transportation (ICCT) Brasil, os veículos elétricos representam uma redução de cerca de 67% nas emissões em comparação com veículos movidos à gasolina ou etanol, por exemplo.


A economia também se destaca no momento do abastecimento, especialmente pela ausência do motor a combustão, que depende exclusivamente de combustíveis fósseis para funcionar.


Nos modelos elétricos, o carregamento pode ser realizado em estações com capacidade de até 300 kW, permitindo recargas de até 80% da bateria em apenas 40 minutos. Aplicativos como PlugShare, Waze e Google Maps facilitam a localização da estação de carregamento mais próxima.


A autonomia de rodagem inferior em comparação aos modelos tradicionais é uma das desvantagens que impactam os veículos elétricos, especialmente os de entrada. Embora essa questão tenha melhorado com o tempo, ainda é um ponto que merece atenção.


Ao contrário dos carros a combustão, cujo abastecimento leva de 5 a 10 minutos, dependendo do local e da quantidade de combustível, os veículos elétricos exigem mais tempo. A recarga completa da bateria interna costuma levar, em média, oito horas.


O custo do investimento inicial também representa uma barreira para a popularização dos veículos elétricos, variando de R$ 100 mil a mais de R$ 1.000.000,00, dependendo do modelo escolhido. No Brasil, os preços dos modelos mais comercializados ficam em torno de R$ 100 mil a R$ 200.


Para Tatiana Yagura, COO do Energy Summit, a crescente demanda por veículos elétricos também impulsionará o desenvolvimento de novas empresas e startups, que oferecerão soluções inovadoras para a mobilidade urbana, como aplicativos de compartilhamento de carros, sistemas de navegação inteligentes e plataformas de gerenciamento de energia. Essas novas empresas criarão empregos e oportunidades de negócios, contribuindo para o crescimento econômico e o desenvolvimento social.


“A transição para veículos elétricos pode contribuir para a redução da poluição do ar e do ruído nas cidades, melhorando a qualidade de vida dos moradores e tornando as cidades mais agradáveis e saudáveis”, complementa Tatiana.


Veículos elétricos em cidades brasileiras


Segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), hoje o Brasil possui uma frota de aproximadamente 348 mil automóveis elétricos, contando desde os híbridos (HEV) e híbridos plug-in (PHEV) até os eletrificados 100% a bateria (BEV) -, a maior parte concentrada nas regiões Sudeste e Sul. Os dados da ABVE também contabilizam quase 5.000 veículos comerciais leves no País, como vans e picapes.


Mesmo não sendo uma frota muito robusta frente aos maiores mercados consumidores, como China e EUA com milhões de veículos elétricos, as perspectivas de aumento do consumo no Brasil animam especialistas, como Paul de Tarso, sócio líder da Indústria de Consumo da Deloitte no Brasil, que ressalta o diferencial do Brasil em relação a outros mercados globais no que diz respeito à mobilidade sustentável.


“O cenário brasileiro de mobilidade sustentável se diferencia do de outros mercados globais devido à ampla disponibilidade de biocombustíveis e à infraestrutura já consolidada para seu uso”, aponta Tarso.


Em vez de focar exclusivamente na eletrificação pura, a transição pode ser acelerada por meio da combinação entre veículos híbridos e combustíveis renováveis, permitindo uma redução significativa de emissões sem depender exclusivamente de uma rede de recarga ainda em expansão.


Tarso ainda destaca o potencial de eletrificação da frota brasileira de motos, que conta com mais de 33 milhões de unidades, segundo dados da Secretaria Nacional do Trânsito (Senatran), “número equivalente a 28% dos veículos que circulam no Brasil, diferentes de muitos mercados. Para esse tipo de frota, há uma oportunidade interessante de eletrificação.”


Para carregar todos os 353 mil veículos elétricos circulando pelas ruas, há hoje no Brasil quase 15 mil eletro postos disponíveis, segundo a ABVE. Boa parte desses pontos de recarga são da EZ Volt, empresa de eletro mobilidade presente em 20 estados do País, com quase 1.500 carregadores conectados (dados de dezembro de 2024).


O modelo de negócio vai desde a implementação e operação de eletro postos próprios de uso público e particulares (para frotas de VEs de empresas, além de frotas de ônibus), ao desenvolvimento de aplicativos de recargas para consumidores individuais e personalizados para empresas.


Em fevereiro, a EZ Volt, a Prefeitura do Rio de Janeiro e a C40 Cities (rede de grandes cidades do mundo comprometidas com a luta contra as mudanças climáticas) inauguraram o “Eletroposto Carioca”, o primeiro eletroposto 100% elétrico em área pública no Brasil.


O espaço conta com “um carregador integrado a um pack de baterias de 210kWh que reduz a demanda de potência da rede elétrica e, também, permite carregar diversos veículos, mesmo que a rede esteja indisponível”, afirma Gustavo Tannure, CEO da EZ Volt.


O empresário é um dos que acredita que o Brasil está na vanguarda da transição energética no mundo. “O simples fato de trabalharmos com infraestrutura de recarga, em um país que possui 84% da sua matriz elétrica baseados em fontes renováveis como o Brasil, já nos torna alinhados majoritariamente com o uso de energia limpa e sustentável”, declara Tannure. “E está em nossos planos buscar, cada vez mais, fornecedores que tenham sua geração baseada exclusivamente em fontes renováveis. ”


 Brasil na vanguarda da transição energética

Enquanto em muitos lugares do mundo, governos e empresários ainda insistem em perfurar novos poços de petróleo e explorar até a última gota, o cenário mundial se fortalece cada vez mais na evolução tecnológica de energias renováveis. “A transformação da matriz energética global passa por um movimento estruturado de descarbonização, e o Brasil tem uma posição estratégica nesse contexto”, declara Edson Cedraz, sócio líder de Setor Público da Deloitte Brasil.


“O país já conta com uma base energética predominantemente renovável, mas há um grande potencial para expandir a geração limpa e impulsionar a transição de setores estratégicos. ”


Para Cedraz, as empresas têm um papel estratégico na adoção de compromissos de transição energética: “A criação de um mercado de carbono estruturado e políticas que favoreçam contratos de longo prazo para aquisição de energia limpa podem gerar previsibilidade e atrair investimentos. ”


Além disso, Gustavo Tannure aponta as supply side regulations como o melhor caminho para aquecer o mercado consumidor de VEs no Brasil, sem que o governo precisar fazer uma renúncia fiscal para incentivar a aderência. “Em resumo, supply side regulations, no mercado automotivo, são regras e/ou metas que o governo impõe e que as montadoras precisam seguir para continuarem atuando de maneira lucrativa e competitiva”, explica.


“Por exemplo, se o governo criar uma alíquota de imposto mais alta para veículos à combustão, aumentando gradualmente ao longo de um período ou, ainda, se houver um percentual mínimo das vendas de cada montadora que seja, obrigatoriamente, de veículos elétricos, as montadoras terão que buscar a produção local de veículos e, consequentemente, ajudarão na expansão da frota de veículos elétricos no país. ”


Tendências da eletrificação na mobilidade urbana


Com foco na eletrificação de 100% dos veículos no futuro, analistas do setor observam um aumento gradual na aderência de VEs pelos consumidores “No curto prazo, a preferência por veículos híbridos tende a crescer, visto que oferecem maior autonomia sem depender exclusivamente da infraestrutura de carregamento”, explica Paul de Tarso, da Deloitte Brasil. “Essa transição gradual permite que o mercado amadureça antes da adoção em larga escala dos modelos 100% elétricos. ”


Outra tendência que acompanha o crescimento do mercado de VEs é a digitalização e a conectividade, como sensores inteligentes, sistemas de direção semiautônoma e algoritmos preditivos que otimizam rotas e consumo de energia são inovações que devem moldar o futuro da mobilidade. “Empresas que investirem na digitalização, em parcerias estratégicas e em novos modelos de negócio estarão mais preparadas para capturar as oportunidades desse mercado em transformação”, afirma Tarso.


Ele também aponta como tendência relevante o avanço da mobilidade como serviço (Mobility as a Service – MaaS), “com consumidores cada vez mais abertos a soluções que substituam a posse de um veículo pela conveniência de diferentes modais conectados”, explica. “Modelos de assinatura, locação e compartilhamento devem ganhar força, especialmente nos centros urbanos, onde o custo de manutenção e a infraestrutura de transporte impactam a decisão de compra. ”


Energy Summit 2025

As novas tendências dos veículos elétricos e outros temas centrais da transição energética estarão em destaque no Energy Summit 2025, o principal evento global de inovação e empreendedorismo em energia e sustentabilidade, e também a maior conferência realizada com o MIT fora dos EUA.


De 24 a 26 de junho de 2025, a Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, será palco de uma experiência única: três dias de palestras, painéis e Masterclasses, além de uma grande feira interativa, reunindo gigantes do setor, startups inovadoras e outras surpresas. Líderes e visionários do mercado debaterão as principais tendências e transformações do setor, conduzindo o público a uma reflexão essencial: quais são os caminhos mais promissores para o futuro da energia?


Essa trajetória de sucesso começou na edição de 2024, que reuniu mais de 10 mil participantes em três dias intensos, com mais de 150 horas de conteúdo distribuídas em seis palcos temáticos simultâneos. O evento também contou com 3.300 empresas, 80 parceiros e 180 palestrantes de oito países, incluindo líderes governamentais, CEOs e C-Levels de grandes corporações, empreendedores visionários, investidores globais e acadêmicos renomados.


Além dos números expressivos, a edição de 2024 foi um marco na diversidade: 43% de participação feminina, um avanço significativo em um setor onde, no Brasil, as mulheres ainda representam apenas 20% da força de trabalho (ANEEL, 2023).


Comprometido com a inovação sustentável, o evento conquistou as certificações de carbono zero e resíduo zero, provando que é possível transformar o setor energético sem comprometer o planeta.


Uma das grandes novidades desta edição é a parceria entre o Energy Summit e o Electric Days Brasil, o maior evento do país dedicado à mobilidade elétrica, descarbonização e soluções sustentáveis. A colaboração trará insights, tendências e inovações, além de experiências imersivas, como test-drives e debates sobre o futuro da mobilidade.


Fabio Trindade, CEO da Electric Days, destaca a importância do evento para o futuro do setor de energia. Para ele, iniciativas como essa são fundamentais para impulsionar debates estratégicos, estimular a inovação e aproximar os principais players da indústria.


“No Electric Days, nós trazemos as mais recentes novidades em termos de veículos elétricos para que o público possa conhecer, com profundidade, quais tecnologias estão disponíveis em nosso mercado. Especialistas de cada montadora também estarão à disposição para explicar seus produtos, além da possibilidade de interagir e conhecer os líderes nacionais e internacionais das empresas que estão liderando a transição para uma mobilidade mais sustentável”, afirma Trindade.


Essa parceria fortalece o compromisso de ambas as iniciativas em acelerar a transição energética e impulsionar soluções que contribuam para um futuro mais limpo e sustentável.


O Energy Summit vai além das palestras, é uma experiência imersiva que conecta líderes, empreendedores e especialistas em um ambiente estratégico de troca de ideias. Um evento que impulsiona a inovação e acelera o futuro da transição energética no Brasil e no mundo.


Matéria completa: http://bit.ly/3Idvz8A


 
 
 

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